Mantega pede controle de gastos no Congresso para que BC baixe juros

'É para abrir espaço para mais investimentos e para a redução dos juros'. Para ele, criar condições para baixar os juros é 'prioritário' neste momento.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a pedir a parlamentares, durante audiência pública nesta terça-feira (23) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, que não criem novas despesas para o próximo ano.
Para o ministro, é importante o goverrno continuar contendo gastos públicos como forma de permitir uma redução mais rápida da taxa básica de juros, atualmente em 12,50% ao ano. Em termos reais (após o abatimento da inflação projetada para o futuro), os juros brasileiros, em 6,8% ao ano, são os mais altos do mundo.
"Faço um apelo aos senadores para que não criem novos gastos. Como a PEC 300 [cria piso salarial para policiais civis, militares e bombeiros] e a não aprovação da DRU [Desvinculação de Receitas da União]. Isso é delicado. Acaba ameaçando situação do governo", declarou ele, acrescentando que criar condições para o BC baixar os juros lhe parece "prioritário" neste momento.
"Quando se faz consolidação fiscal, não é para derrubar investimento. É para abrir espaço para mais investimentos e para a redução dos juros, mas nas condições adequadas e no momento certo. No momento em que o Banco Central considerar adequado que isso venha a ser feito, quando a inflação estiver sob controle", disse Mantega.
O ministro da Fazenda avaliou ainda que o controle de gastos públicos cria condições para uma mudança na composição da política fiscal e da política monetária, o chamado "mix" usado pelo governo para aquecer o desaquecer a economia quando julga necessário.
"Isso cria as condições para que haja uma mudança nas relações entre política fiscal [das contas públicas] e política monetaria [decisões sobre os juros]. Falta mudar essa composição e usar mais política monetária [baixar os juros] e menos política fiscal [reduzir tributos] para enfrentar situações de crise. Você pode baixar os juros. Isso estimula economia da mesma forma que baixar tributos, mas não tem custo", declarou ele.
Para Mantega, há condições de o Brasil diminuir a taxa de juros e, com isso, se alinhar com países semelhantes ao Brasil, ou seja, outros países emergentes. "É o momento de praticarmos isso, existem as condições", concluiu.