Pergunta recorrente nos meios políticos, desde que, há coisa de um mês, se anunciou a investigação da Polícia Federal sobre supostos pagamentos irregulares ou desvios de recursos na Assembleia Legislativa do Piauí: vai dar em quê, tal investigação? Esse misto de curiosidade e ansiedade faz sentido porque não se costuma tomar a elite política piauiense, que tem entre seus membros boa parte dos integrantes do Poder Legislativo, como objeto de investigação de desvios de recursos.
Ainda mais em sendo essas investigações de responsabilidade da Polícia Federal, reconhecidamente eficaz na execução do seu trabalho. Pois a pergunta (ou dúvida) sobre o futuro das investigações ganhou impulso nos últimos dois dias depois que o deputado estadual Robert Rios (PCdoB) acusou o delegado federal Janderlyer Gomes de Lima de ter forjado documentos e informações para incriminar os parlamentares. Ex-secretário de Segurança Pública e delegado da PF aposentado, Robert Rios é um dos investigados.
Coordenador da investigações, Janderlyer Gomes reagiu. Mesmo fazendo questão de dizer que não pode falar sobre as investigações, que correm em segredo de Justiça, disse que as acusações de Robert Rios, em vez de intimidar, estimula mais ainda a PF a fazer seu trabalho com afinco e dedicação. Disse mais. Coordenador de operações em Alagoas e Rondônia, Janderlyer provocou os jornalistas a buscarem informações sobre as operações Taturana (Alagoas) e Dominó (Rondônia), para verem o que aconteceu por lá.
Uma rápida pesquisa no Google dá a resposta - 40 pessoas presas em Alagoas e 30 em Rondônia. Entre elas, estão autoridades como presidentes da Assembleia Legislativa e do Tribunal de Justiça, além de assessores, irmãos e esposas de deputados. Evidente que, ao falar nas operações de Alagoas e Rondônia, Janderlyer sugeriu que as investigações ora em curso na Assembleia Legislativa do Piauí podem produzir resultados idênticos.
A briga entre Robert Rios e o delegado da PF chamou mais ainda a atenção para as investigações da PF. Agora, não apenas os políticos estão ansiosos para saber em que vai dar as investigações. A sociedade também. É esperar para ver.