Justiça decreta prisão temporária dos PMs envolvidos na morte de Juan


A Justiça do Rio de Janeiro atendeu ao pedido do Ministério Público e decretou prisão temporária por 30 dias dos quatro policiais militares suspeitos de participação na morte do menino Juan Moraes, de 11 anos. O juiz da 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, Márcio Pacheco da Silva, que tomou a decisão sobre o caso, recebeu o pedido do MP-RJ na noite de terça-feira (19).
Os PMs foram indiciados por dois homicídios qualificados, duas tentativas de homicídio e ocultação de cadáver.
Ainda de acordo com a investigação, não houve confronto entre os policiais militares envolvidos na ação e traficantes, conforme alegavam os policiais do Batalhão de Mesquita (20º BPM). Ainda segundo o delegado, os policiais militares indiciados teriam efetuado mais de 30 disparos de fuzil.
Na quarta-feira (20), o delegado Ricardo Barbosa, da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, afirmou que os tiros que mataram Juan foram disparados pelos PMs.
Conforme apontou a investigação, a quantidade de tiros disparados pela arma supostamente usada por Igor de Souza Afonso, de 17 anos, morto no tiroteio e suspeito de ser traficante, foi considerada “desproporcional” pelo delegado quando comparada às rajadas de fuzis disparadas pelos PMs. A pistola usada por Igor tem capacidade para 12 tiros. Como havia oito munições intactas no carregador da arma, ele poderia ter disparado, no máximo, quatro tiros.
A polícia ainda investiga se os disparos feitos com a pistola usada por Igor foram feitos pelo jovem, já que há a possibilidade de os tiros terem sido forjados pelos policiais para justificar o auto de resistência. Apontado como traficante pelos PMs, o menor seria o alvo da operação policial que terminou com a morte dele e de Juan.
Além da perícia feita nas armas e no local do crime, depoimentos de testemunhas convenceram a polícia sobre a conclusão apresentada à imprensa nesta quarta, principalmente o de uma pessoa que teria conhecimento sobre armas.
Também na terça-feira, a promotora de Justiça Júlia Costa Silva Jardim pediu a prisão do policial militar Edilberto Barros do Nascimento, apontado como um dos atiradores do menino Juan. Ele também é suspeito de ter matado, em julho de 2008, o ex-presidiário Júlio César Andrade Roberto com um tiro de fuzil, em Mesquita, na Baixada Fluminense.
Sobre o caso:
O corpo de Juan foi encontrado dez dias depois da ação na comunidade Danon, às margens do rio Botas, em Belford Roxo, também na Baixada Fluminense.
As investigações para apurar quem matou o menino estão colocando em lados opostos as polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro. As duas instituições defendem versões diferentes para o mesmo crime.
Em depoimento, os policiais militares, investigados pela morte de Juan, disseram que teria havido intenso confronto com traficantes na comunidade Danon, mas peritos não encontraram indícios de troca de tiros na direção onde os PMs estavam posicionados.
A perícia de local não detectou vestígio de cápsulas ou qualquer marca de perfuração que provasse que tiros foram disparados na direção dos PMs.
No dia 9 de julho, policiais fizeram a reconstituição do crime, com a participação dos policiais suspeitos.
Postado: R7.com