Rio interna à força usuários de crack sem ter padrão de tratamento

assistência social  - cajueiro - madureira - zona  norte - 15.07.2011
Ações de acolhimento da prefeitura contam com apoio das polícias Civil e Militar

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Desde 30 de maio passado, a Prefeitura do Rio de Janeiro interna, de modo compulsório, crianças e adolescentes viciados em crack e outras drogas. Entretanto, apesar de já ter 82 menores de idade internados, a administração municipal ainda não tem um planejamento definido sobre como tratá-los.
O secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethlem reconhece que a prefeitura não tem uma "fórmula mágica" para reabilitar os usuários de crack e que a administração está em fase de testes sobre quais atividades funcionam no tratamento. Ele admite que o modelo de tratamento para reabilitação de dependentes de crack está em construção no Rio.
- O crack é um assunto relativamente novo no Brasil. Ninguém tem fórmula mágica. Buscamos em todo o país exemplos de sucesso. Estamos engatinhando, estamos aprendendo.
Conveniada à prefeitura, a Casa Viva, em Laranjeiras (zona sul do Rio) é apresentada como modelo de abrigo público especializado em recuperação de dependentes químicos. Sem uma rotina fixa, 11 menores de idade, de dez a 15 anos, são acompanhados por enfermeiros, terapeutas ocupacionais e um psiquiatra, que é o diretor da entidade.
O grupo, encontrado em diferentes bairros da capital fumando crack, passou antes pela Delegacia da Criança e do Adolescente para identificação. Em seguida, foi levado ao Centro de Recepção Carioca, onde profissionais constatam se há dependência de drogas. A partir daí, ou o menor é encaminhado a entidade voltada a usuários ou vai para abrigos convencionais. A princípio, o menor de idade fica 45 dias internado. Entretanto, segundo a secretaria, pode passar até oito meses sob tratamento obrigatório, se o caso for grave.
De acordo com especialistas, o tratamento de viciados requer mais que a desintoxicação. A professora de psiquiatria da UFRJ Magda Vaissan explica que são necessárias uma equipe de profissionais, atividades físicas e oficinas de arte durante a reabilitação.
- É preciso motivar o usuário para que ele queira deixar o crack. O abrigo não deve ser uma prisão, por isso devem ser proporcionadas atividades.
A reportagem do R7 conheceu a Casa Viva. O imóvel tem três andares, é limpo e arrumado, com uma pequena área externa. Entretanto, a falta de espaços que permitam brincar livremente ou praticar esportes chama a atenção.
Os internos da Casa Viva têm duas oficinas - de boxe e de teatro. Segundo a direção do abrigo, um casal de atores se voluntariou para dar as aulas de teatro. Mesmo com essas atividades, não há um planejamento. O psiquiatra Jorge Jaber, consultor voluntário da prefeitura, explica que ainda não foi feita uma sistematização do atendimento ao usuário de crack. - Seria bom criar um instituto que acumulasse as informações dos abrigos para saber que tratamentos e atividades se adequaram bem à realidade do Rio. Ainda não foi posta em prática uma sistematização de tratamento.
Jaber também afirma que é importante capacitar as pessoas que cuidam das crianças no dia a dia.
Postado: R7.com