"Não há negociação com bombeiros", diz governo do Rio

O Governo do Estado do Rio de Janeiro confirmou que não há mais nenhum canal de negociação com os bombeiros fluminenses. Os militares estão em estado de greve desde a manhã de sábado (4), depois que o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) expulsou um grupo de bombeiros que havia tomado o Quartel-Central da corporação na noite de sexta-feira (3). Foram presos 439 militares.



Apesar de o governador Sérgio Cabral (PMDB) ter se recusado a falar sobre o assunto na manhã desta segunda-feira (6), após solenidade no Palácio Guanabara, o secretário de Estado da Casa Civil, Regis Fichtner, disse que as conversas com os bombeiros foram encerradas após o episódio no Quartel.
"Tínhamos um canal de negociação, mas ele foi fechado por causa da invasão", limitou-se a dizer Fichtner. Sorrindo, Cabral disse à imprensa que qualquer informação sobre a questão dos bombeiros seria tratada pelo coronel Sérgio Simões, comandante-geral da corporação, nomeado pelo governador na manhã de sábado.
Os bombeiros alegam que o governo se recusou a conversar sobre as reivindicações desde que o movimento por melhorias de salário começou, há cerca de três meses.
As negociações teriam se limitado a reuniões com o líder do governo na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado André Corrêa (PPS), e com o secretário de Estado de Planejamento e Gestão, Sérgio Ruy Barbosa. A categoria pleiteia aumento do piso salarial dos atuais R$ 950 líquidos para R$ 2 mil, além de melhorias das condições de trabalho e benefícios como vale-transporte.
OAB
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) defendeu, em nota divulgada nesta segunda-feira (6), que o governo do Rio de Janeiro garanta salários dignos ao Corpo de Bombeiros. De acordo com a OAB, "as reivindicações dos bombeiros são justas e legítimas. Os vencimentos da categoria são, reconhecidamente, aviltantes e devem ser reajustados imediatamente".
A tomada do Quartel-General dos bombeiros, no entanto, não contou com o apoio da entidade. A ocupação "não pode ser aceita num Estado democrático de direito e só contribui para acirrar os ânimos e diminuir o apoio da população às justas pretensões salariais dos bombeiros", acrescentou a entidade.
A OAB-RJ pontuou ainda que as afirmações do governador sobre os bombeiros não contribuem com as negociações. "Os bombeiros de nosso Estado são benquistos e admirados pela população fluminense e não são - nem devem ser tratados como tal - 'bandidos'." O governador Sérgio Cabral chamou os bombeiros de "vândalos e irresponsáveis", em entrevista à imprensa, no sábado.