Órgão da Presidência vai analisar uso de jatinho privado por ex-ministro

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República vai analisar nesta segunda-feira (12) a conduta do ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, que durante o exercício do cargo viajou em um jatinho emprestado por uma empresa do ramo agropecuário, a Ourofino Agronegócios. A pauta da reunião foi confirmada pelo presidente da comissão, Sepúlveda Pertence.

A comissão decidirá se a conduta de Rossi configura quebra do Código de Conduta da Alta Administração Federal, que reúne as normas éticas a serem seguidas por autoridades do Executivo. Antes de pedir demissão, o ministro admitiu que usou avião da empresa em "raras ocasiões", mas negou que a Ourofino tenha sido beneficiada pela pasta durante sua gestão.

Segundo o site da Comissão de Ética Pública, o Código de Conduta da Alta Administração Federal "veda o recebimento de presentes (art. 9º) e de favores de particulares que permitam situação que possa gerar dúvida sobre a sua probidade ou honorabilidade (art. 7º)”.

A Comissão de Ética Pública se reúne uma vez por mês. Na reunião de segunda, será a primeira vez que irá tratar do uso de jatinhos particulares. Pelo procedimento normal do órgão, um relator é designado entre os sete membros do colegiado e abre-se um prazo, inicialmente de 10 dias, para ele analisar o caso, colher as alegações da pessoa acusada e apresentar seu voto.

Como é um órgão do Executivo, a comissão pode apenas emitir advertências aos servidores e sugerir sua demissão caso o grupo conclua que houve má conduta. No caso de demitidos, como Rossi, trata-se de uma censura pública.

Em ambos os casos, a sanção não proíbe a pessoa de retornar ao serviço público ou a algum cargo de confiança. O efeito é moral, o que pode prejudicar a pessoa em futuras indicações.

Carona
Wagner Rossi pediu demissão em 17 de agosto, após uma série de denúncias de irregularidades no Ministério da Agricultura, entre elas a acusação de pegar caronas no jatinho da Ourofino Agronegócios, empresa que recebeu autorização do ministério para produzir medicamento contra a febre aftosa.

Antes de deixar o cargo, Rossi negou que a empresa tenha recebido "privilégios ou tratamento especial". Segundo ele, o processo de autorização para a empresa produzir o medicamento Ourovac Aftosa começou em setembro de 2006 e terminou em março de 2009, período em que ele ainda não ocupava o cargo.

Sobre a carona, Rossi afirmou em nota que "em raras ocasiões" viajou de carona no jatinho da empresa. A Ourofino informou em nota que Wagner Rossi e o filho, o deputado estadual Baleia Rossi (PMDB-SP), pegaram carona no avião da empresa "poucas vezes".

Fonte: G1